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março 5, 2012

Tutto Fellini

“Quanto mais você se aproxima de modo mimético

da realidade, pior é a imitação”

(Federico Fellini)

O Instituto Moreira Salles inaugura dia 10 de março, no Rio de janeiro, a exposição Tutto Fellini. A mostra traz cartazes, revistas, trechos de filmes, fotos de bastidores, desenhos, rascunhos de roteiros, além de contar com a exibição de seus principais filmes. São retalhos das “suas vidas”.

Quando criança, Fellini tinha a certeza de que existiam duas vidas: “Uma vida com olhos abertos, outra com olhos fechados”. Crescer não o impediu de viver ambas.

Embora tenha iniciado sua carreira cinematográfica ligado ao neorrealismo, que buscava mostrar a realidade “nua e crua”, pouco depois passou a desenvolver um estilo mais poético, sendo acusado de “desviar-se da realidade para refugiar-se no sonho”. Ele acreditava que a realidade tinha várias camadas, e aquela mais profunda, que só uma linguagem poética pode revelar, não era a mais irreal.

Sua obra foi, portanto, caminhando para um estilo autoral, embebida de uma realidade onírica bastante pessoal. Enquanto boa parte da crítica insiste sobre o caráter autobiográfico da maioria de suas obras, Fellini dizia que inventou quase tudo: uma infância, uma personalidade, saudades, sonhos e recordações pelo prazer de poder narrá-los.

Temas como a chegada do circo, o desenho como modo de entrever um filme, os personagens e cenários – que nascem do lápis e das cores –, o Livro dos Sonhos, com vinte e dois anos de registros fantásticos, carregam narrativas fellinianas e compõem a exposição.

Não há método, não há motivo nem lógica muito racional na composição de suas produções. Fellini não impõe conclusões aos seus trabalhos. Assim como seus filmes, esta exposição também pode ser vista como um convite à criação de sentidos, de relações com lembranças e memórias inventadas. Arriscaríamos o palpite de que o próprio Fellini se alargaria em sorrisos por todo contato estabelecido com sua obra que fosse desprendido de “realidades” ou “verdades”. Até porque foi ele próprio quem confessou: “Devo admitir que os filmes de minha memória falam de lembranças completamente inventadas. E pra dizer a verdade, que diferença isso faz?”

O EducAtivo do IMS espera tê-los feito divagar com curiosidade sobre a obra de Fellini. Que os leitores venham ao Instituto para não só melhor conhecê-la, mas também nos procurar e estender nossa conversa. Oferecemos visitas à exposição, de terça a sexta, às 17h, para o público espontâneo. Há também a possibilidade de agendamentos para grupos escolares, familiares, ou mesmo de amigos que queiram refletir conosco e participar das atividades que preparamos para a mostra. Aguardamos vocês.

Para mais informações sobre a exposição em cartaz, acessem: http://ims.uol.com.br/radio/D938

Foto: Federico Fellini, O livro dos sonhos, sonho de dezembro de 1974 – Fac-símile – Coleção Fondazione Federico Fellini, Rimini