março 15, 2012

Para outra coisa em educação

Tivemos a oportunidade de assistir a uma conferência ministrada por Jorge Larrosa Bondía, professor da Universidade de Barcelona e doutor em Filosofia da Educação, intitulada “Notas para outra pesquisa em educação ou, quiçá, para outra coisa que a pesquisa”, que aconteceu no início de fevereiro, na UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).

 A sua obra, bem como suas ideias, é demasiado extensa e repleta de conceitos próprios, de maneira que não nos cabe aqui esmiuçá-la. Nossa intenção é compartilhar, ao som de três vozes e três pontos, o que deste encontro mais nos tocou, além de levantar alguns questionamentos que nasceram daí. De antemão, gostaríamos de propor ao leitor o seguinte exercício: que para cada pergunta se pense especialmente na área de Educação.

 Um dos pontos diz respeito à diferença entre conversa e comunicação. Para Larrosa, pessoas conversam; máquinas comunicam. Vejamos: a máquina é controlável, como um emissor e um receptor de informações, não possui um pensamento autônomo que a permita estabelecer um diálogo pessoal, ela é capaz de passar uma mensagem, de comunicar; já as pessoas são mutuamente influenciadas em um diálogo, uma vez que em uma conversa pode existir troca. Nossa questão: nas relações do dia a dia, quando a máquina pode se tornar humana e os homens podem se tornar máquinas?

 Outro ponto está relacionado às palavras que são produzidas, selecionadas, mais especificamente aquelas que são conhecimento acadêmico ou palavras epistemológicas. Parece profundo isso, “palavras epistemológicas”. Circula por aí a frase: “Quidquid latine dictum sit, altum viditur”, que, traduzido para o português, significa “Tudo que é dito em latim parece profundo”. Palavra epistemológica tem uma lógica parecida: é feita para parecer importante. Existe um valor agregado às palavras que são produzidas. As pesquisas acadêmicas são vendidas, são compradas e são financiadas. Precisam parecer importantes, pois, por se tratarem de publicações, não são coisa pública. Larrosa comenta sobre a coisa pública como algo que é de qualquer um porque não é de ninguém e porque não tem um guardião na porta para dizer se lhe é permitido o acesso ou não (seja esse guardião uma pessoa, um muro, um preço, um linguajar rebuscado). E as nossas palavras, são publicações ou coisa pública? Quando produzimos ou selecionamos palavras, por que ou para quem fazemos isso?

 Um terceiro ponto se refere ao termo “limbo”, utilizado na palestra por Larrosa que constrói um conceito bem particular. Um lugar que não é céu, nem inferno, tampouco almeja ser céu ou inferno. Desenvolvendo o conceito de limbo, Larrosa o relaciona à ideia de algo que não é a pesquisa, que não culmina em publicações acadêmicas e que não serve para comunicar nada. Algo que não é, nem almeja nada disso. Pareceu-nos que Larrosa pôs em xeque a função da pesquisa e a relevância do que ela produz, levando em consideração o mercado que gira em torno dela e o público para o qual ela é destinada.  

 Com isso, paira sobre nós algumas dúvidas: o que poderia ser essa coisa que não a pesquisa, que não a publicação, na qual o conhecimento se desenvolveria de outra forma? Que alternativas temos para alimentar o conhecimento? Pois não seria mesmo esta uma função da educação, onde quer que seja? Seja na escola, no shopping, no mercado, no quintal ou no centro cultural? Seja utilizando a arte, a biologia, ou a história como canal para educar?

 Esperamos que o fato de trazer tantas perguntas sem respostas sirva para alimentar a curiosidade do leitor. Procuramos deixá-las em aberto o suficiente para que você possa relacioná-las às suas vivências, ao seu tempo e ao seu espaço, e a partir disso encontrar formas de alimentar seu próprio conhecimento. Não nos limitamos a pensar o trabalho de educação somente em museus e centros culturais porque, assim como Louise Bourgeois afirma que arte não fala da arte e sim da vida, concordamos que a educação também não fala de si mesma. A educação fala da vida.

Gabriela Lima e Polyana Lourenço (educadoras IMS/RJ), e Gisele Calamara (estagiária IMS/RJ)

Foto retirada do blog espantapajarostaller.wordpress.com

março 5, 2012

Tutto Fellini

“Quanto mais você se aproxima de modo mimético

da realidade, pior é a imitação”

(Federico Fellini)

O Instituto Moreira Salles inaugura dia 10 de março, no Rio de janeiro, a exposição Tutto Fellini. A mostra traz cartazes, revistas, trechos de filmes, fotos de bastidores, desenhos, rascunhos de roteiros, além de contar com a exibição de seus principais filmes. São retalhos das “suas vidas”.

Quando criança, Fellini tinha a certeza de que existiam duas vidas: “Uma vida com olhos abertos, outra com olhos fechados”. Crescer não o impediu de viver ambas.

Embora tenha iniciado sua carreira cinematográfica ligado ao neorrealismo, que buscava mostrar a realidade “nua e crua”, pouco depois passou a desenvolver um estilo mais poético, sendo acusado de “desviar-se da realidade para refugiar-se no sonho”. Ele acreditava que a realidade tinha várias camadas, e aquela mais profunda, que só uma linguagem poética pode revelar, não era a mais irreal.

Sua obra foi, portanto, caminhando para um estilo autoral, embebida de uma realidade onírica bastante pessoal. Enquanto boa parte da crítica insiste sobre o caráter autobiográfico da maioria de suas obras, Fellini dizia que inventou quase tudo: uma infância, uma personalidade, saudades, sonhos e recordações pelo prazer de poder narrá-los.

Temas como a chegada do circo, o desenho como modo de entrever um filme, os personagens e cenários – que nascem do lápis e das cores –, o Livro dos Sonhos, com vinte e dois anos de registros fantásticos, carregam narrativas fellinianas e compõem a exposição.

Não há método, não há motivo nem lógica muito racional na composição de suas produções. Fellini não impõe conclusões aos seus trabalhos. Assim como seus filmes, esta exposição também pode ser vista como um convite à criação de sentidos, de relações com lembranças e memórias inventadas. Arriscaríamos o palpite de que o próprio Fellini se alargaria em sorrisos por todo contato estabelecido com sua obra que fosse desprendido de “realidades” ou “verdades”. Até porque foi ele próprio quem confessou: “Devo admitir que os filmes de minha memória falam de lembranças completamente inventadas. E pra dizer a verdade, que diferença isso faz?”

O EducAtivo do IMS espera tê-los feito divagar com curiosidade sobre a obra de Fellini. Que os leitores venham ao Instituto para não só melhor conhecê-la, mas também nos procurar e estender nossa conversa. Oferecemos visitas à exposição, de terça a sexta, às 17h, para o público espontâneo. Há também a possibilidade de agendamentos para grupos escolares, familiares, ou mesmo de amigos que queiram refletir conosco e participar das atividades que preparamos para a mostra. Aguardamos vocês.

Para mais informações sobre a exposição em cartaz, acessem: http://ims.uol.com.br/radio/D938

Foto: Federico Fellini, O livro dos sonhos, sonho de dezembro de 1974 – Fac-símile – Coleção Fondazione Federico Fellini, Rimini

fevereiro 29, 2012

Entre o trágico e o belo

O Instituto Moreira Salles de Poços de Caldas abre no dia 3 de março a exposição Robert Polidori – fotografias. Essa mostra é uma retrospectiva da obra do artista e apresenta seus principais ensaios, como as séries sobre Havana, que mostra a deterioração de sua suntuosa arquitetura; Beirute, devastada pela guerra civil que atingiu o Líbano entre 1975 e 1990; as cidades de Pripyat e Chernobyl, 15 anos após o acidente nuclear ocorrido em 1986; Nova Orleans devastada pelo furacão Katrina em 2006 e cenas urbanas de Alexandria (Egito), Varanasi (Índia) e Amã (Jordânia). Esta exposição traz também fotografias de apartamentos em Nova York que sofreram ações de vândalos que invadiam e depredavam estes locais, onde, quase sempre um idoso havia falecido.

Podemos perceber na obra de Polidori que há um interesse por registrar as marcas de um acontecimento violento, seja uma guerra, um furacão ou a ação de vândalos.

Por meio de seus temas, Polidori nos apresenta algumas questões, como: o uso dos recursos naturais pelo homem e sua possível influência nas catástrofes da natureza. Assim lança um olhar crítico sobre como o modelo de consumismo adotado e a explosão demográfica, entre outros fatores, tornam insustentável a sobrevivência humana.

Para compor suas imagens, Polidori faz uso de câmeras de grande formato aliado à perspectiva renascentista e a um cuidadoso uso da luz, que resultam em fotografias ricas em detalhes e que dificilmente passam despercebidas por serem imagens que confrontam o belo e o trágico ao mesmo tempo.

Para mais informações sobre a exposição em cartaz, acesse: http://ims.uol.com.br/Home-Programacao-POCOS-DE-CALDAS-Robert-Polidori-Fotografias/D937

Foto: 6328 North Miro Street, Nova Orleans, Louisiana, EUA, 2005 – Robert Polidori

fevereiro 14, 2012

Ainda dá tempo!

Considerando que a procura por nossas atividades de férias foi bastante intensa agora no começo do ano, abrimos novas datas para o público interessado na oficina “Mirabolando formas, cores e  sentidos”, aproveitando que a exposição Mira Schendel, pintora ficará aberta até 11 de março.

E para aqueles que  ficaram na lista de espera do encontro “Conversas sobre pintura – O percurso pictórico de Mira Schendel” (confira as fotos abaixo), fizemos um convite especial, para não deixar ninguém de fora de nossas conversas, disponibilizando novos horários para uma visita com educador do Instituto, que atentará para as nuances do trajeto pictórico de Mira Schendel. 

As férias acabaram, mas continuamos oferecendo essa visita especial a todos aqueles que se interessarem. É só ligar e agendar. Corra que ainda dá tempo!

Telefone: (11) 3825-2560 (agendamentos de terça a sexta feira das 9h às 17h).

fevereiro 6, 2012

Mirabolamos!

Nos dias 11, 18, 20 de janeiro e 01 de fevereiro o Instituto Moreira Salles realizou a oficina de férias “Mirabolando formas, cores e sentidos”. Por conta da grande procura e adesão, a oficina que inicialmente foi pensada para acontecer duas vezes ganhou dois dias a mais, possibilitando que mais pessoas usufruíssem desse momento de criação e reflexão.

Focada  na família, a oficina reuniu pais e filhos no IMS para um dia de visita, com conversas e atividade de pintura que tiveram como referência o trabalho da artista Mira Schendel – o título da oficina “Mirabolando” deriva do nome da própria artista.

As crianças que estavam acompanhadas dos pais, avós e até mesmo irmãos puderam conhecer um pouco da produção de Mira como pintora, e o olhar dos pequenos foi base para fundamentar a mediação desse dia. As pinturas foram investigadas pelos pequenos visitantes-detetives que se utilizaram de lupas para as descobertas e uma das coisas que exploraram muito, com essas lentes de aumento, foi a materialidade das obras, uma das características fundamentais do trabalho da artista.  E como não poderia deixar de ser, nossos pequenos visitantes-detetives, cuja curiosidade pelo objeto lhes é tão característica, exploraram a exposição como quem aproveita um dia de férias, divertindo-se muito.

As considerações feitas pelas crianças durante a visita foram muito interessantes e serviram de tema para uma conversa sobre arte, que incluiu questões relacionadas a formas, cores e materiais.  Mantendo o olhar inocente de quem ainda se perde entre brincadeiras e papo sério, os pequenos, e por que não futuros grandes artistas, fizeram observações sempre muito pertinentes em relação ao trabalho de Mira. Uma das crianças, por exemplo, brincando de fazer sombras interagiu com a obra Sarrafo, questionando inclusive o espaço em que ela estava inserida e suas características.

Um ateliê livre e coletivo foi montado com a distribuição de materiais para pintura e a experimentação ali rolou solta. Para muitas crianças pintar foi uma atividade instigante, que possibilitou muita liberdade e oportunidade de testar diversos suportes, pigmentos e até mesmo de pensar juntos em uma nova curadoria. A oficina reuniu a família que “Mirabolou” e curtiu.

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janeiro 6, 2012

Férias em São Paulo

É janeiro! Por isso nossa equipe montou uma programação especial gratuita sobre a exposição Mira Schendel, pintora, em cartaz no IMS de São Paulo.

 Crianças e seus familiares poderão participar da oficina Mirabolando formas, cores e sentidos e conhecer o percurso pictórico da artista Mira Schendel, descobrindo nuances de seu trajeto pela pintura, suas opções por determinados materiais (como areia, massa e cimento) e analisar suas composições, além de criar seus próprios trabalhos.

 A oficina, que será orientada por um educador de nosso setor Educativo, acontecerá no dia 11/01, às 10h30 e se repetirá na tarde do dia 18/01, às 14h30. Serão aproximadamente uma hora e meia de diversas atividades em grupo e é preciso ter no mínimo 3 anos para poder participar. Como disponibilizamos somente 20 vagas (entre crianças e responsáveis) é necessário fazer uma inscrição prévia até o dia anterior à oficina.

Para estudantes, professores e interessados em geral, organizamos o Conversando sobre Pintura – O percurso pictórico de Mira Schendel, a oficina traz um panorama sobre o desenvolvimento histórico da linguagem pictórica e contextualiza as mudanças apresentadas nas pinturas de Mira Schendel. As obras presentes na mostra serão pano de fundo para discussões sobre os desdobramentos dessa linguagem e do próprio trabalho da artista.

Serão dois dias seguidos de conversas mediadas por um educador de nosso setor Educativo, em 26 e 27 de janeiro às 14h30. Quem se interessar pode se inscrever até o dia 24 de janeiro. As vagas são limitadas.

As inscrições, para qualquer uma das atividades, deverão ser feitas pelo telefone (11) 3825-2560, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.

 Mais informações no site do IMS: http://ims.uol.com.br/radio/D586

dezembro 28, 2011

escola + cultura

O Instituto Moreira Salles é uma entre as diversas instituições parceiras do projeto Cultura é Currículo proposto e gerenciado pela FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação).

O título do projeto nos leva a crer que a cultura também deve ser considerada como parte do currículo escolar e a coloca lado a lado com os conteúdos trabalhados em sala de aula. Essa postura, aliada à proposta de vivências educativas fora do espaço escolar, propõe uma significativa valorização da experiência cultural.

O Educativo IMS de São Paulo acredita nesse ideal e, por essa razão, desde 2007 participa do projeto dentro do eixo temático denominado Patrimônio, Expressões e Produções, voltado para as 7ª e 8ª séries do ensino fundamental. A escolha por esse recorte foi alinhada ao foco do acervo (o maior do Brasil quando se fala em fotografia) de nossa Instituição, que também possui coleções de literatura, música e artes visuais.

Por ser um projeto vinculado à Secretaria do Estado da Educação, grupos de estudantes de escolas estaduais oriundos dos mais diversos cantos de São Paulo e da Grande São Paulo visitam de terça a sexta-feira o nosso Centro Cultural, localizado em Higienópolis. Só esse trajeto já mereceria ser chamado de “percurso cultural”, pois da janela do ônibus eles podem assistir a uma rica diversidade de paisagens.

Já aqui, as exposições em cartaz também variam, de forma que as obras a serem apreciadas e os conteúdos a serem abordados pelos educadores vão se modificando, mas uma coisa é sempre igual: a nossa intenção em trabalhar com os alunos buscando uma “troca cultural”. Em conversas e atividades feitas em grupos, podemos discutir e incentivar uma consciência crítica sobre aquilo que veem e assim gerar um espaço não só para aquisição de conhecimento artístico e cultural como também de atuação ativa e criativa sobre ele.

Para que essa vivência ganhe significado e torne-se uma verdadeira experiência, não é só o nosso trabalho com os alunos que se faz importante, mas também toda a rede de profissionais envolvidas nesse projeto, como os professores. Aos lermos os comentários que eles fazem sobre as nossas visitas em um formulário que entregamos no final de nosso encontro pudemos constatar que eles também têm ganhos consideráveis ao participarem das visitas e do projeto, e que estes servem de certo modo como um incentivo a reverem conteúdos, estarem mais atentos ao circuito de arte e manterem-se atualizados.

Neste ano, atendemos cerca de 4 mil alunos e professores envolvidos com o “Cultura é Currículo” e é com muita satisfação que finalizamos 2011 sentindo que fizemos parte de tantas novas experiências culturais.

Seguem abaixo os links para acessar os conteúdos sobre a FDE, o Projeto Cultura é Currículo e o caderno voltado para as turmas de 7º e 8º ano na qual o Instituto Moreira Salles tem seu público alvo.

FDE

http://www.fde.sp.gov.br/pagespublic/InternaQuemSomos.aspx?contextmenu=quemso

Cultura é currículo

http://culturaecurriculo.fde.sp.gov.br/programa.aspx

Caderno para 7ª e 8ª séries

http://www.promoventos.com.br/site/wp-content/themes/cool/pdf/curriculo_7_8_serie.pdf

* A imagem que ilustra este post pertence ao acervo do IMS e foi feita pelo fotógrafo Peter Scheier, que em 1960 registrou a construção de nossa capital, Brasília, e também a vida que foi se construindo em torno dela, como estas crianças voltando da escola. Mas o que determinou nossa escolha foi o fato dela representar bem o contato inicial e final que temos com os alunos em sua chegada e saída de nosso Centro Cultural. É nesse momento que temos acesso as algumas das expectativas dos visitantes e também à percepção que tiveram de nossa visita.

dezembro 6, 2011

Mira Schendel, pintora

  Inicia-se em 6 de dezembro, no Instituto Moreira Salles de São Paulo, a exposição Mira Schendel, pintora. Com esta, podemos contabilizar três exposições sobre a produção de Mira Schendel só neste ano.

No início de 2011, o IAC (Instituto de Arte Contemporânea) expôs Avesso do avesso, e agora, também em dezembro, a Caixa Cultural de São Paulo mostra um grande panorama da produção da artista com a exposição intitulada Através. Estas duas exposições compreendem sua produção entre o meio da década de 1960 e o final dos anos 1970, tendo como foco a transparência, o papel e as inserções léxicas realizadas pela artista, trabalhos pelos quais sua produção ganhou mais visibilidade. Mas o que temos no IMS é uma oportunidade única de ver uma seleção das pinturas de Mira, em sua maioria feitas sobre tela, que não fazem parte de coleções públicas, reunidas de modo a nortear a produção da artista.

Em Mira Schendel, pintora, as 29 obras selecionadas pela curadora Maria Eduarda Marques chamam a atenção para referências importantes para a artista, como os pintores Giorgio Morandi e De Chirico, além de suas experiências com diferentes materiais como gesso, areia, cimento e folha de ouro. Com essa produção, podemos refletir sobre as relações entre o plano da pintura e o espaço tridimensional. Seguindo esses passos, parece fazer mais sentido deparar-se com obras da série Sarrafos, e vê-la como desenvolvimento de sua produção como pintora. Essa produção foi concomitante com pesquisas envolvendo transparências ou grafismos, em que o vazio e o espaço são elementos-chave. Em muitas de suas pinturas, a materialidade se constrói de forma oposta, é pesada e opaca, embora o sentido de vazio muitas vezes permaneça.

Com obras do início de sua carreira, em 1953, até a sua última série completa, Sarrafos, de1987, a exposição evidencia a postura de Mira Schendel como pintora e a concretização de seu percurso para o rompimento com definições estanques sobre a linguagem pictórica.

Para mais informações sobre a exposição em cartaz no IMS-SP: http://ims.uol.com.br/radio/D840

Sobre a exposição na Caixa Cultural de São Paulo: http://www.caixacultural.com.br/html/main.html

 * A obra de Mira Schendel que ilustra este post intitula-se Sem título, 1964

dezembro 6, 2011

Resultados de uma Parceria em Poços de Caldas

No início de dezembro foi concluído o primeiro ano de parceria estabelecida entre o setor educativo  do Instituto Moreira Salles de Poços de Caldas com a Secretária de Educação da cidade.

Neste segundo semestre de 2011 a Secretária levou alunos de quinze escolas da rede municipal para participarem das ações educativas promovidas pelo Centro Cultural.

A formação de público de visitação decorrente dessa parceria gerou um planejamento mais aprofundado e apurado das exposições em cartaz.

Para promover uma maior interação entre obras, educadoras, professores e alunos  foram aplicados durante as visitas dinâmicas e  atividades práticas.  Foi utilizado também uma abordagem mais didática, direta e adequada para cada grupo.

Na exposição “Thomaz Farkas – uma antologia pessoal” foi proposta aos alunos uma visita em que o percurso criativo do fotógrafo foi destacado.  Já na exposição do “Flieg – Fotógrafo”  foi proposta uma reflexão sobre como a fotografia foi um meio de documentação histórica e também ferramenta para a percepção do progresso e desenvolvimento do Brasil nas décadas de 40 a 60.

Durante todos os encontros, foi possível perceber o envolvimento dos professores e alunos às propostas aplicadas pelas educadoras.

A participação da Secretaria de Educação no ano de 2011 foi fundamental para proporcionar  aos alunos da rede pública mais um espaço de aprendizagem fora do contexto escolar.

Para 2012, o setor educativo do IMS – PC planeja novas ações para proporcionar  às escolas estratégias  de atuação que complemente o conteúdo curricular.

 

foto 1 – Thomaz Farkas – Sem título, São Paulo, década de 1950

foto 2- Hans Guther Flieg – Museu de Arte de São Paulo, 1969 

dezembro 1, 2011

Um ano, duas imagens, um tema, quatro escolas e centenas de alunos

Está em cartaz no Instituto Moreira Salles no Rio de Janeiro a exposição da terceira edição do projeto educativo VER E FAZER.

Todos os anos, desde 2009, as escolas parceiras recebem duas reproduções de imagens do acervo do IMS como suporte de aprendizagem do currículo escolar.

Em 2011, as imagens escolhidas foram uma litografia colorida de Iluchar Desmons de 1850 e uma fotografia de Marcel Gautherot de 1960. As duas retratam a praia de Botafogo.

A data de produção de cada imagem apresenta uma diferença de quase 100 anos, o que sugeriu o tema “E daqui a 100 anos?”, em que os alunos poderiam pensar sobre como seria o Rio de Janeiro em 2050.

Em resposta ao tema, os alunos desenvolveram trabalhos em diversas linguagens, como desenho, pintura, poesia, documentário e maquete. Uma seleção dos trabalhos pode ser apreciada no IMS-RJ até o dia 18 de dezembro.

Faz parte também da mostra o vídeo em que o Portal PUC-RIO Digital documentou algumas etapas do processo desenvolvido durante o ano.

Para saber mais sobre o projeto VER E FAZER, clique em: http://ims.uol.com.br/Cinema/D351/P=356.